Exame pode reduzir tratamentos em pacientes com câncer de próstata

Está sendo desenvolvida uma pesquisa, em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, para classificar a real agressividade de tumores em estágios iniciais e evitar que pacientes com tumores não agressivos sejam submetidos a tratamentos e cirurgias intensos. A solução veio da ONKOS, startup ligada ao Supera Parque de Inovação e Tecnologia, de Ribeirão Preto (SP), que tem investido no melhor manejo clínico de pacientes com câncer de próstata.

Marcos Santos, CEO da startup, explica que prever o comportamento biológico de um tumor e classificar o risco de recidiva ou metástase em pacientes com câncer de próstata localizado é primordial para definição do tratamento ou de cirurgia. “Os parâmetros utilizados atualmente são subjetivos e falhos. Quase 60% dos pacientes de alto risco, jamais desenvolvem metástases e passam por tratamentos intensos desnecessariamente”.

O exame busca eliminar a subjetividade da classificação de risco dos pacientes. “O objetivo é mediar a atividade de moléculas chamadas microRNAS e fornecer informações personalizadas de como o tumor se comporta e se desenvolve de forma não subjetiva”, explica Marcos. “É um método mais preciso que o atual e que beneficia não somente o paciente, mas também gera economia de recursos ao sistema de saúde”.

Durante a pesquisa, a startup analisou amostras de pacientes com câncer de próstata separados em três grupos: “saudáveis”, que não apresentaram recidiva bioquímica ou metástase em seis anos; “recidivados”, que são aqueles que tiveram recidiva bioquímica em cinco anos; e “metastáticos”, que desenvolveram metástase em até cinco anos.

Marcos explica que a ideia é encontrar um grupo de microRNAS que crie assinaturas genéticas específicas para cada um dos grupos, como se fossem impressões digitais e, depois, desenvolver um algoritmo que diferencie os perfis biológicos. “Isso é feito com auxílio de técnicas de biologia molecular e inteligência artificial”. Ao analisar a amostra de câncer de próstata, o algoritmo identifica o perfil biológico e com qual dos grupos tem mais similaridade, gerando um score de risco. Os scores são classificados do mais baixo (pacientes do grupo saudável) para o de maior risco (pacientes metastáticos).

A pesquisa, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), já apresenta resultados animadores. “Percebemos alta capacidade de identificar a agressividade do tumor dos pacientes de forma acurada. A maioria dos pacientes classificados como de alto risco, são reclassificados como de baixo risco pelo nosso exame”.

Segundo Marcos, existem empresas americanas que oferecem exames similares e estão disponíveis no Brasil. Entretanto, a amostra é coletada no país e enviada para os Estados Unidos para ser analisada. “O custo destes exames é inacessível à população, custam entre R$ 12 mil e 15 mil”. Com a tecnologia desenvolvida em solo brasileiro, a estimativa é que os exames fiquem até 80% mais barato. “É um exame que traz economia ao sistema de saúde, já que sugere ao oncologista que os pacientes de baixo risco não precisam ser submetidos a tratamentos e cirurgias caras”, esclarece. A intenção é que o produto esteja no mercado no final de 2018.