O Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto concluiu a primeira das quatro cirurgias que serão realizadas para a separação de siamesas unidas pela cabeça. As gêmeas de um ano e sete meses são de Patacas, distrito de Aquiraz (CE), e chegaram ao interior paulista por indicação de um ex-aluno da Faculdade de Medicina da USP que coordena o hospital onde elas nasceram.
O caso é raro e envolve aproximadamente 30 profissionais, entre neurologistas, neurocirurgiões, cirurgiões plásticos, intensivistas, anestesistas e enfermeiros. Entre eles está o cirurgião norte-americano James Goodrich, do Montefiore Medical Center, de New York. Referência no assunto, ele dedicou a carreira a casos complexos como esse e já realizou mais de 20 cirurgias com sucesso.
Os dois próximos procedimentos cirúrgicos terão o mesmo objetivo do primeiro: desconectar os vasos sanguíneos e a pele na cabeça. A separação total só deve ocorrer na quarta e última cirurgia. O intervalo entre os procedimentos deverá ser de aproximadamente dois meses. Enquanto isso, a família ficará hospedada em Ribeirão Preto, já que viagens de ida e volta para Patacas necessitariam de uma logística muito complexa e cara.
Apesar de não compartilharem do mesmo cérebro, a proximidade deles torna o caso extremamente delicado e complexo, segundo os médicos. Por isso foi solicitada ajuda estrangeira. Antes da primeira cirurgia, exames de ressonância magnética feitos no HC foram enviados aos EUA para que a equipe de Goodrich criasse modelos tridimensionais das gêmeas siamesas para estudo.
No Brasil, o caso esstá sob os cuidados das equipes de Neurocirurgia Pediátrica e Cirurgia Plástica do HC. A primeira é comandada pelo professor e neurocirurgião Hélio Rubens Machado e a segunda pelo professor Jayme Farina Junior. O custo dos procedimentos é de aproximadamente R$ 100 mil e está sendo pago pelo SUS (Sistema Único de Saúde).