Livro, leitura e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

por Dulce Neves*

Se tivéssemos feito tudo certo antes de entrarmos para o segundo milênio não teria sido necessária uma nova pactuação para 2030. O planeta vive os mesmos problemas e acentuados. Os Objetivos do Milênio não foram o bastante para evitar novos 17 Objetivos planetários para o Desenvolvimento Sustentável. A pergunta que fica é: onde a humanidade está errando? Edgard Morin que nos ajude a responder, afinal, já dizia o filósofo francês que não somente a ignorância nos cega, mas nossos conhecimentos também.

A ONU tem chamado a atenção dos gestores da cidade para que eles se envolvam na trajetória política desenhada a fim de que os ODS sejam cumpridos, no tempo estabelecido. Tudo precisa ser feito para envolver a todos. E é nessa equação, ainda que gramatical, que o livro e a leitura se encaixam perfeitamente. Ler o mundo é essencial, apregoa o slogan da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, que realiza, há 18 anos, um belíssimo encontro literário com a participação de 180 mil pessoas ao longo de 8 dias.

Essa é a ideia que sustenta a proposta de que colocar a Agenda 2030 na pauta do dia fará dela comum a todos e não somente às lideranças políticas de primeiro escalão, como parece ter ocorrido na edição anterior dos objetivos.

Os livros são poderosos, quanto a isso não há dúvida, usá-los a favor de propagar ideias e pensamentos é um caminho vencedor, já sabemos. Mas então, porque caminhamos tão devagar nesse sentido? A média de livros lidos no Brasil é uma das menores em comparação com outros países, inclusive os localizados no sul da américa. Precisamos nos comprometer com a propagação dos livros como um importante recurso para envolver a todos. Esta foi a motivação da Fundação do Livro em escolher esse tema como centro do debate na edição de 2019. Entre uma história e outra, uma nova história. Queremos muito poder escrever um futuro nascedouro do dia de hoje que seja mais sustentável, mais harmônico, democrático e muito feliz.

Usar o livro como aliado para fortalecer os debates da humanidade não tem ineditismo. Ao fazer isso copiamos boas ideias, mas tudo bem. As boas ideias precisam mesmo serem replicadas sempre que possível em todos as ocasiões. Já a sociedade grega se fortalecia no aprendizado literário, muitas vezes somente oral, para enrijecer a moral e caráter de seu povo.

Juntar as demandas soma energia. É isso que precisamos para avançar diante de tanas demandas sociais. Não basta mais que cada um faça a sua parte, é preciso que os atores sociais do planeta se juntem para, mais fortes, vençam o tempo e as mazelas propagadas pela humanidade.

Não considerar o livro como um aliado nessa batalha é ingenuidade e até arrogância. Priorizar outras armas letais quando podemos nos armar de histórias, poesias e narrativas modelares é desconhecer a própria trajetória do homem. Da bíblia ao alcorão, dos livros sobre alquimia aos relatos de viagens pelo mundo, a literatura tem sustentado a emoção do ser humano, ensinado aqueles que querem aprender e entusiasmado o que querem agir.

Dulce Neves* – Presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto

Email: presidente@fundacaodolivro.com.br