João Henrique Durão Leite

Estamos em uma época do ano em que a maioria das pessoas vão às compras incentivadas pelas festividades de Natal e Réveillon, pelo recebimento do 13° e pelas famosas promoções de fim de ano. Esses fatores, juntos, podem levar as pessoas a gastar além do esperado, comprando por impulsividade e sem pensar muito nas consequências. É quase como comprar um carro pensando somente na prestação, sem levar em conta o seguro, o combustível, o estacionamento e a manutenção; ou comprar diversos produtos parcelados sem calcular o total de todas as parcelas juntas.    

Se você tem uma dívida no cartão, não é bom acumular mais parcelas. O ideal é quitar as que já existem para, então, fazer novas compras parceladas. O dinheiro extra no fim do ano vem uma vez só e, se as compras não forem planejadas, as contas se acumulam prejudicando o orçamento para o ano seguinte. Daí é que surge a questão: por que comprar e por que não comprar?    

A resposta parece simples. Porém a ansiedade, algumas vezes, acaba gerando ainda mais dúvida e impede de se tomar a decisão correta. Não há uma fórmula mágica, mas é necessário parar um pouco e pensar no curto prazo. Uma das principais atitudes a se tomar é não comprometer mais de 30% de sua renda com parcelas.

Promoções vão e vêm: não é pelo fato de uma loja oferecer descontos que você vai comprar além do que precisa para não perder a oportunidade. Na verdade, você perde muito mais quando compra além do necessário. É como comprar carne para o mês todo e não ter onde guardar: certamente, em uma semana, ela já não estará em bom estado. Aliás, a carne está com preço bem elevado nos últimos dias, por isso, se possível, substitua por outros itens mais baratos.    

Procure comprar o que realmente vai precisar: claro que você não deve deixar de investir em você mesmo (se gosta de viajar, programe uma viagem ou vá a algum lugar para se divertir). Isto é saudável e devemos sempre colocar coisas que nos dão prazer no orçamento, afinal, a vida não é só trabalhar. O problema é quando você cria expectativas sem um planejamento prévio, como pesquisar antes de comprar, analisar as possibilidades mais em conta e não deixar para última hora pois geralmente os preços são mais altos, elas poderão ser frustradas caso você não tenha esses cuidados.    

Por fim, é importante ressaltar as máximas que o mais simples é melhor, o menos é mais, e – mais importante – que você responda às perguntas: Por que comprar e por que não comprar? Certamente, refletir sobre isso o levará a melhores escolhas. Em tempos difíceis é melhor prevenir do que remediar. Os bens duram mais se você realizar a manutenção em dia. Por exemplo: se você mantém o pneu calibrado e alinhado, sua vida útil poderá ser maior. Assim também será se você tiver como dizer sim ou não na hora em que vai as compras. Pelo sim, pelo não, seja feliz e plante hoje o que você deseja colher amanhã.   

*João Henrique Durão Leite é mestre em Ciências Contábeis e coordenador dos cursos de Ciências Contábeis e Gestão Financeira da Estácio.