Má formação familiar causa envolvimento com bullying, diz estudo

Feita em parceria com univerisade italiana, estudo da Escola de Enfermagem da USP Ribeirão avaliou 2.354 estudantes de 10 a 19 anos; nos Eua, armamento de professores é sugerido como solução

Bullying (Foto: Shutterstock)
Bullying (Foto: Shutterstock)

O caso do estudante de 14 anos que matou dois colegas de classe a tiros e deixou quatro feridos em uma escola de Goiânia, na sexta-feira (20), fez o bullying voltar à tona. As causas desse tipo de comportamento são sempre debatidas, e uma pesquisa da Escola de Enfermagem da USP Ribeirão aponta a má formação familiar como forte influenciadora.

O psicólogo Wanderlei Abadio de Oliveira fez um levantamento com 2. 354 estudantes de 10 a 19 anos e constatou que a maioria dos envolvidos com bullying, praticando ou sofrendo, tinha famílias que não colaboram com os sentimentos das crianças, não têm bom diálogo e não ajudam na tomada de decisões saudáveis. “No caso das vítimas, essas crianças não pedem ajuda ou suporte para enfrentar o bullying”, disse o pesquisador.

Oliveira ainda alerta para os sinais dados por quem sofre esse tipo de problema, como isolamento, insônima e medo de ir à escola. Já quem pratica o bullying costuma demonstrar agressividade com colegas de classe.

O psicólogo ressalta que a pesquisa ajuda no debate geral sobre o assunto porque alerta para o fato de que o bullying não é um problema só das escolas. Por isso, ele diz que bons momentos em família são essenciais. “Para que haja funcionalidade nas famílias é preciso valorizar o tempo que pais e cuidadores passam juntos com os filhos, não em termos de quantidade, mas de qualidade afetiva”, declarou.

A tese ‘Relações entre bullying na adolescência e interações familiares: do singular ao plural’, do pesquisador Wanderlei de Oliveira, teve orientação da professora Marta Angélica Iossi Silva e foi realizada em parceria com a Universidade Católica do Sagrado Coração, da Itália, onde a orientação ficou com a professora Simona Carla Silvia Caravita.

Sugestão radical

Casos similares ao da tragédia de sexta, em Goiânia, já aconteceram em vários países. Mas nos Estados Unidos esse número impressiona: nos últimos cinco anos, já foram registrados 242 ataques com armas em escolas e universidades.

Uma das medidas que chegou a ser sugerida no país foi que professores fiquem em sala de aulas com armas, para coibir qualquer eventual ataque. Essa tese é apoiada por dois terços dos americanos que têm arma em casa. Entre os que não têm, o número cai para um terço.

No país existe uma lei federal de 1994 que proíbe a posse de armas dentro de escolas primárias ou em um raio de 300 metros. Mas em alguns lugares, como no distrito escolar de Hanover, em Colorado, uma votação já liberou que professores levem armas para a sala de aula.