Doenças renais: especialista alerta para a prevenção

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Yussif Ali Mere Júnior

Presidente da ABCDT-Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante Renal, o nefrologista Yussif Ali Mere Júnior, falou com exclusividade ao portal RibeirãoSul. Ele também preside o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Ribeirão Preto e alerta para a importância de ações que evitem que doenças renais se desenvolvam em um contingente que pode chegar a 20 milhões de brasileiros.

Quais as principais doenças que podem agravar ou evoluir para problemas renais?
Diabetes é uma delas. É o tipo de problema que evolui silenciosamente e se não for bem cuidado, inclusive com muita atenção por parte do paciente, leva a doença renal e à necessidade de transplante. E, quando o doente não consegue um órgão compatível, a saída é a hemodiálise, um procedimento usado para filtrar o sangue que passa por máquina e esta faz a função do rim.

Doenças renais são comuns?
Sim, se considerarmos que de cada 10 brasileiros – ou cidadãos que vivem em território nacional – um tem algum tipo de lesão nos rins. Este cenário gera um problema em cadeia – a começar pelo risco de evolução para doenças crônicas. Depois, pela qualidade de vida desse paciente, muitas vezes jovem. O problema afeta a vida pessoal e familiar, a vida estudantil ou econômica, sobrecarrega os sistemas de saúde – público ou particular. E poderia ser evitado, garantindo o que é principal: a saúde e a vida.

Por que é difícil prevenir a doença renal?
A questão é que a grande maioria das pessoas desconhece que tem um problema ou algum tipo de lesão nos rins. Sem prevenção, é grande o risco de desenvolver doença renal crônica. Por causa deste cenário, foi instituído o Dia Mundial do Rim, que é comemorado em 9 de março. E neste ano de 2017, o tema da campanha internacional foi o combate à obesidade, que é uma doença associada à hipertensão e ao diabetes e que são os principais fatores para o desenvolvimento da insuficiência renal.

Qual é o cenário da hemodiálise no Brasil?
No país, cerca de 120 mil pessoas fazem hemodiálise. 90% da terapia renal substitutiva são bancados pelo poder público e 94% das empresas que prestam este serviço são privadas, porém apenas 7% dos municípios brasileiros oferecem o serviço. Por isso, defendemos a ampliação da parceria da iniciativa privada com o SUS. Mas o modelo atual da diálise no Brasil deveria ser replicado. O poder público arca com a maior parte dos custos da terapia renal no país. É um modelo que dá certo. Temos que nos preocupar com a saúde dos brasileiros, e não com a discussão ideológica que divide SUS e saúde suplementar.

Como prevenir as doenças renais?
E é bom lembrar sempre que a causa maior da doença renal hoje é evitável. Não adianta discutir os custos do tratamento, temos que discutir a prevenção. E esta prevenção passa grandemente pela adoção de hábitos saudáveis de vida – desde alimentação, até atividades físicas, controle do estresse e acompanhamento permanente. Esta onda de busca por alimentação saudável, a quantidade de pessoas de todas as idades pelas avenidas e praças caminhando, exercitando-se de alguma forma são exemplos interessantes.

Como a região de Ribeirão Preto está atendida para terapias renais?
A região de Ribeirão Preto tem serviços de hemodiálise em Sertãozinho, Jaboticabal e Batatais, além de três serviços em Ribeirão. Não há pacientes em fila de espera na região. O que acontece é demanda reprimida pelo SUS no encaminhamento de pacientes que necessitam de hemodiálise por limitação do teto autorizado pelo Sistema.