Ser portador do vírus HIV não é o mesmo que estar com Aids

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As campanhas de luta contra a Aids são parte fundamental na prevenção da doença. Além disso, ações como informar a população sobre o assunto e estimular o debate são muito importantes para acabar com o preconceito. Por isso, é vale lembrar que ser portador do vírus HIV não é o mesmo que estar com Aids.

“Uma pessoa pode ser portadora do vírus HIV e não estar doente. Pode até mesmo nunca adoecer em função desta infecção. Mas, quando a infecção pelo HIV acarreta um desgaste do sistema imune, usualmente a pessoa desenvolve Aids, doença decorrente da infecção pelo HIV”, explica Carlos Kiffer, infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz, localizado em São Caetano do Sul (SP).

O vírus tem uma ligação especial com algumas células do corpo, principalmente, uma das mais importantes defesas do sistema imune – os linfócitos CD4. Com o tempo, o HIV desgasta e elimina essas células e o sistema imunológico enfraquece. “A pessoa que acaba de se infectar pelo HIV normalmente não tem sintoma nenhum. Algumas recém-infectadas podem desenvolver febre, gânglios pelo corpo e mal-estar geral, como se estivessem com uma virose, mas isso não é comum”, diz o especialista.

Já os sintomas da Aids são muito variáveis e normalmente estão associados ao tipo de doença que a pessoa desenvolve em consequência do enfraquecimento do organismo. Um paciente com Aids normalmente tem doenças associadas à falha da imunidade, como aquelas causadas por fungos, parasitas ou tumores. A forma mais comum de infecção ocorre pela via sexual, mas vale lembrar que também pode ocorrer por contagio com sangue ou materiais perfuro-cortantes contaminados.

Outras formas possíveis de contágio, embora raras hoje em dia, são a transmissão durante a gravidez ou no momento do parto, da mãe para o filho, e transfusões de sangue contaminado. Essas situações se tornaram incomuns devido às formas atuais de prevenção. O médico ressalta que algumas DSTs facilitam a transmissão e a aquisição do HIV, principalmente, aquelas que causam lesões, machucados ou úlceras genitais.

O uso da camisinha é o método mais eficaz para a prevenção, mas, segundo Carlos, existem outras formas que podem ajudar na prática de sexo seguro, como evitar contato com sangue visível e cuidar precocemente de doenças genitais ou DSTs. “A camisinha confere quase proteção total, mas isso depende de seu uso correto e da qualidade da camisinha. Se bem usada, atinge níveis de proteção muito próximos a 100%”.

Por fim, o infectologista lembra que o termo “grupo de risco” não é adequado, justamente por remeter a uma sensação de que haveria grupos de pessoas sob maior risco do que outras. Na verdade, existem comportamentos, em qualquer grupo social, que colocam as pessoas em maior risco. “O mais importante é a conscientização de todos sobre práticas mais seguras. Qualquer relação entre duas pessoas pode ser saudável e segura, desde que ambas sejam conscientes e tomem medidas de prevenção”.