Slow Medicine e a qualidade de vida dos pacientes

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Cada vez mais, o tema humanização da medicina vem ganhando espaço nos eventos relacionados à área da saúde. Daí surgiu o conceito Slow Medicine, que defende que a medicina é mais do que uma questão tecnológica, ela precisa ser tratada como ciência humana. O conceito vem sendo disseminado por todo o mundo através do médico italiano Marco Bobbio, secretário geral do movimento. Ele esteve no Brasil, em outubro de 2017, para palestrar sobre o assunto.

Com as agendas apertadas, redução do tempo das consultas e o grande volume de pacientes, a interação entre médico e paciente tem diminuído nos últimos tempos. O médico Yussif Ali Mere Junior, presidente do SINDRIBEIRÃO, explica que a tecnologia deve ser uma aliada no processo de diagnóstico e tratamento dos pacientes e não a única interação entre paciente e o profissional da área da saúde. “Existem inúmeros benefícios quando se investe na qualidade de vida dos pacientes; ou seja, eles passam a ser tratados como pessoas e não mais como doentes”, diz o médico.

Yussif Ali Mere Junior

O tratamento “slow” não significa algo lento e sim uma forma de conhecer de forma holística todo o histórico do paciente. Em situações que exigem intervenções rápidas, essas são feitas desde que respeitem os valores e desejos do doente. Marco avalia que o sistema de saúde apresenta muito desperdício com exames desnecessários, grande consumo de medicamentos e tratamentos rápidos e intensos, sem levar em conta que procedimentos desnecessários podem prejudicar o paciente.

Especialistas explicam que o organismo do ser humano pode passar por um processo de autocura, porém, a pressa não permite que isso aconteça. Diante disso, o paciente precisa participar ativamente da tomada de decisão sobre cada procedimento a qual será exposto.

Marco defende que o tempo entre médico e paciente deve ser melhor aproveitado e que ambos precisam confiar mais na experiência do profissional do que apenas em exames – que podem sofrer várias interpretações, dependendo do médico que analisar.

Para Yussif, “o Slow Medicine é o resgate da verdadeira medicina, não do ponto de vista romântico e utópico, mas do ponto de vista do tratamento do ser humano e não do tratamento da doença”.