O cafezinho coado brasileiro tem várias receitas: pode-se jogar a água quente sobre o pó de café, que já está no coador descartável ou de pano, pode-se jogar o pó de café na água quente e, então, passar essa mistura no coador. A tradicional receita árabe tem pouca diferença, mas o cafezinho na xícara, este sim, fica com um sabor muito diverso da receita brasileira. E, detalhe: usa-se muito menos pó de café.

Fida Aude, proprietária do restaurante Mabruk, o mais tradicional da cidade em gastronomia árabe, nasceu no Líbano e veio criança para o Brasil, junto com a família. É ela quem dá a receita do cafezinho árabe, que vale a pena para quem quer experimentar um novo sabor.

“Culinária é química. Pequenas mudanças na forma de fazer o café dão outro sabor à bebida. A receita do café árabe extrai o melhor sabor do pó de café, elimina o amargo e valoriza a parte adocicada do grão”, explica Fida.

Receita
Escolha um pó de qualidade, mas que seja bem fininho. Ferva água e quando estiver borbulhando jogue o pó de café diretamente na água ainda sobre o fogo ligado. Deixe a água fervente subir três vezes – nesse período, pode mexer a água e ver se a consistência com o pó sugere um café “cremoso”.  Depois disso, tampe e deixe decantar por dois a três minutos. Pode colocar (sem coar) o café árabe em uma garrafa térmica. Mas é importante não usar aquele antigo bule de bico longo. Há uma cafeteira usada pelos árabes muito adequada para esta receita.

Quantidade: o cafezinho é uma bebida que permite um “tempero” mais forte ou fraco. Então, a receita de café árabe também pode ser feita ao gosto de cada paladar. É bom experimentar a quantidade de pó uma ou duas vezes, mas, na terceira, já é possível saber qual é a quantidade preferida.

Dica: uma sugestão interessante é ferver, junto com a água, a sementinha saborosa cardamona. Ela é adocicada e exala este sabor no café.

Alerta: é bom lembrar que a receita árabe nunca coa o café. Se quiser, experimente seguir a receita e coar. “Vai perceber que o sabor vai se aproximar da receita brasileira. O simples fato de não coar confere um sabor bem diferente ao cafezinho”, explica Fida Aude.

A sorte na borra do café

Reza a lenda que as odaliscas faziam uso da cafeomancia (técnica capaz de prever o futuro através da borra do café) para saberem qual seria a escolhida para passar a noite com o sultão. A prática do oráculo árabe teria sido difundida pelos antigos nômades da Mesopotâmia e chegou à Europa no século XVIII, sendo a França o primeiro país adotá-la.