Juros de crédito para pessoas físicas caem 10 pontos percentuais em 12 meses

Operações para pessoas jurídicas também registram queda nas taxas cobradas

A trajetória de queda na taxa média de juros iniciada no fim de 2016 teve continuidade ao longo de 2017, com um ligeiro aumento em janeiro deste ano. É o que mostra o Boletim Crédito do Ceper/Fundace, feito a partir dos dados divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Os juros cobrados das pessoas físicas atingiram 32,31% e, para pessoas jurídicas, a taxa registrada foi de 17,63% no primeiro mês de 2018. No total, a taxa média de juros fechou janeiro em 26,24%. Na comparação em 12 meses, a baixa é significativa, principalmente para pessoas físicas. A queda nos juros cobrados para esse grupo foi de quase 10 pontos percentuais (p. p.) e. para pessoas jurídicas, de 3.55 p. p.

O levantamento mostra que os spreads – diferença entre as taxas de captação e aplicação das operações de crédito – também apresentaram trajetória de queda ao longo do ano de 2017, com uma ligeira reversão no início deste ano. Em janeiro de 2018, o spread médio foi de 19,71%. Para pessoas jurídicas, foi de 10,86%, e para pessoas físicas, de 25,95%.

O saldo de crédito para pessoas físicas se manteve estável em relação aos meses anteriores, em R$ 1,66 trilhões. Já o saldo para pessoas jurídicas registrou queda, baixando de R$ 1,45 trilhões, em dezembro de 2017 para R$ 1,41 trilhões, em janeiro deste ano.

Os dados de operações de crédito, empréstimos e títulos descontados, financiamentos em geral, financiamentos imobiliários e financiamentos ao agronegócio evidenciam queda em todas as modalidades no País. O setor de financiamentos em geral foi o que apresentou a maior baixa: de 16,4%. A retração foi menor na modalidade de financiamentos imobiliários: de 5,3%.

No estado de São Paulo, o comportamento das operações de crédito seguiu a trajetória observada em nível nacional e também houve contração em todas as modalidades. No estado de São Paulo e no interior paulista, as maiores quedas foram registradas em financiamentos em geral de 14,8% e 26%, respectivamente.

Na Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RARP), o destaque foi positivo na modalidade de financiamentos imobiliários, com um crescimento de 2%. Nas demais modalidades, ocorreram quedas, sendo a mais forte na modalidade de empréstimos e títulos descontados: -12,7%.

Dentre as cidades da região, Sertãozinho se destaca como o município com o melhor desempenho. Houve crescimento em duas modalidades: financiamentos imobiliários (1,9%) e agronegócios (14%). O agronegócio também foi destaque em Campinas, com crescimento de 4,4%.

Em Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Araraquara, verificou-se aumento do crédito para financiamentos imobiliários de 2,6%, 3,6% e 2,3%, respectivamente, na comparação com janeiro de 2017. O pior desempenho foi registrado em Franca, com retração em todas as modalidades, principalmente nas operações destinadas a financiamentos em geral (-61,4%).

Análise – Os dados deste boletim e de números anteriores têm mostrado que a retração do crédito, como reflexo dos efeitos da crise, foi sentida mais fortemente no segmento empresarial. O saldo de crédito destinado às pessoas jurídicas tem sofrido quedas sucessivas, alcançado patamares muito abaixo dos registrados no período pré-crise. “A queda nas taxas de juros ainda não surtiram efeitos relevantes na retomada de empréstimos e financiamentos. Esse cenário resulta em uma retomada dos investimentos que deve ocorrer a passos lentos ao longo de 2018”, aponta o pesquisador do Ceper e coordenador do Boletim Crédito, Luciano Nakabashi.

Por outro lado, segundo ele, há um pouco mais de otimismo por parte das pessoas físicas, visto que o estoque de crédito para este público tem se mantido estável nos últimos meses. “A queda no endividamento das famílias e na inadimplência, como observado em boletins anteriores, além da queda no desemprego, da inflação e o aumento na massa salarial real dão maior estabilidade ao mercado de trabalho, reduzindo o risco de empréstimo dos bancos e das demais instituições financeiras. Além disso, a queda na taxa de juros torna o crédito mais barato”, avalia Nakabashi.

“A recuperação nas operações de crédito para pessoas físicas irá gerar condições para o crescimento do consumo. A recuperação dos investimentos por parte das empresas deve seguir como consequência, mas de forma mais lenta e posterior à recuperação do consumo, dada a grande capacidade ociosa existente e ao cenário macroeconômico ainda incerto”, conclui o pesquisador.

O Boletim Crédito pode ser acessado na íntegra no site da Fundace neste link: https://www.fundace.org.br/_up_ceper_boletim/ceper_201804_00356.pdf.

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