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Nessa temporada de inverno, muitas família fazem uso do aquecimento a gás para manterem suas residências protegidas do frio. O sistema é benéfico para essa época do ano, mas se não for instalado corretamente e não tiver a manutenção necessária, acidentes fatais podem acontecer. Recentemente alguns casos foram noticiados, como a morte de seis brasileiros no Chile e de uma família inteira no ABC Paulista, região da Grande São Paulo.

Pensando em questões de segurança e normas para o aquecimento a gás em apartamentos, os arquitetos Renato Andrade e Erika Mello, do escritório Andrade & Mello Arquitetura, responderam algumas perguntas sobre o como funciona e quais cuidados devem ser tomados com a instalação desse tipo de aparelho. Confira.

  • O que as pessoas precisam saber sobre aquecimento a gás?

O Brasil, comparado a outros países da América do Sul, ainda não é tão adepto a esta tecnologia. Segundo a Associação Brasileira de Aquecimento a Gás (ABAGAS), a média é de 1 equipamento para cada 680 habitantes, enquanto na Argentina é 1 cada 48. “Existe uma relação direta com o clima e a geografia, mas prioritariamente com questões econômicas. Embora nosso país tenha ampla reserva de gás natural, os preços não são atrativos”, explica Renato Andrade.

  • Como funciona o circuito de um aquecimento a gás?

A infraestrutura hidráulica do apartamento é modificada para o dobro e é necessário uma tubulação específica para a água quente chegar até o ponto de consumo. Porém, antes disso, a água fria entra no aquecedor de passagem que funciona com o gás que alimenta a chama da câmara de combustão, que por sua vez aquece a água através do trocador de calor. Enquanto isso, os vapores da exaustão são eliminados pela chaminé.

O aquecimento a gás possibilita um conforto maior em dias frios, já que é possível aproveitar a existência do aquecedor para instalar pontos de água quente em outros ambientes, como na cozinha, lavabo e até na lavanderia.

  • Quais cuidados devem ser tomados para instalar o sistema em um apartamento antigo? E em um novo?

Para imóveis antigos é essencial verificar no condomínio a regulamentação estabelecida internamente, já que ele deverá passar por uma avaliação técnica e, caso seja necessário, realizar modificações para que tudo esteja conforme as exigências da norma NBR 13103. “Em edifícios novos, o cuidado é semelhante. Jamais deve-se fechar aberturas ou grelhas com marcenarias ou outros eletrodomésticos”, ressalta Erika.

A norma, basicamente, estabelece aberturas para a circulação de ar, além de itens de segurança em relação a chaminé. O tipo de exaustão é definido conforme o ambiente e o tamanho disponível.

Em ambos os casos, é imprescindível contar com o projeto de profissionais especializados para a instalação.

  • O que as pessoas costumam fazer de errado com esse tipo de sistema?

Toda instalação complementar de um imóvel deve ser tratada com seriedade e responsabilidade, já que esse tipo de equipamento pode ocasionar acidentes e fatalidades.

Quando se trata de aquecimento a gás, caso o sistema não possua a tecnologia de fluxo balanceado ou hermético, que é quando utilizam o ar necessário para a combustão proveniente de ambiente sem qualquer comunicação com o local em que está instalado, ele vai consumir todo o oxigênio do local. E essa redução no oxigênio é extremamente prejudicial ao ser humano, podendo causar náuseas, tonturas, desmaios e até a morte. “Mas existe também o risco de ocorrer vazamento de gás por conta de má instalação ou manutenção. É importante se atentar a isso sempre”, indica o arquiteto Renato.

  • Como verificar se está tudo certo e não está tendo vazamento de gás? E como funciona a manutenção?

Alguns fatores dificultam a detecção de monóxido de carbono (CO) no ambiente, já que o gás é incolor, insípido, inodoro e não irrita as mucosas. Uma maneira de percebê-lo é pela coloração da chama no queimador, se ela não estiver azulada – característica da combustão completa do gás natural pela quantidade correta de oxigênio – pode ser um indício de emissão de CO. “O mercado também disponibiliza aquecedores com sensor contra intoxicação por monóxido de carbono, o que é uma segurança a mais”, lembra Erika.

A manutenção deve seguir expressamente a orientação do fabricantes, para não colocar em risco a segurança dos moradores.

Andrade & Mello Arquitetura e Interiores

Formados em Arquitetura, Renato Andrade e Erika Mello são sócios-fundadores do escritório. Em 12 anos de trabalho, somam mais de 100 projetos entregues com a certeza de terem proporcionado aos seus clientes todo profissionalismo nas intervenções realizadas. Além de atuar nos projetos, devotam suas experiências profissionais ao ensino: ambos respondem como professores titulares do Centro Paula Souza e lecionam disciplinas no curso técnico de Edificações.

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