Corrida, natação, pilates, musculação: nenhuma dessas modalidades de atividade física chama tanto a atenção de Tânia Maria Alegre Martins Maduenho e Virgínia Sant’Anna quanto a dança. A opção dessas mulheres pelo balé sai do lugar comum em razão da idade – elas têm mais de 40 anos – e das conquistas. “É raro no balé adulto a aluna conquistar a sapatilha de ponta”, conta o bailarino Thiago Junqueira, diretor da escola Studio de Dança Luciana Junqueira, de Ribeirão Preto. Foi o que aconteceu com as duas.

Para Tânia o balé era um sonho. “Tinha duas opções, seguir a vida me lamentando por não ter feito ou realizar meu sonho agora. Enquanto eu estiver embaixo do céu e em cima do chão, a idade não será problema”, diz a corretora de imóveis. A primeira conquista foi subir no palco do Theatro Pedro II para o primeiro espetáculo de dança do qual participou, em 2012. Naquele momento, ela realizou também o sonho de apresentar-se no principal teatro da cidade e o terceiro teatro de ópera do Brasil.

Tânia
Virgínia

As conquistas não pararam por aí: neste ano de 2017, Tânia subiu pela primeira vez na sapatilha de ponta – objetivo de muita menina que começa bem cedo da dança. Foi o que aconteceu no passado com sua colega de turma, Virgínia. Ela formou-se bailarina aos 19 anos, depois de dedicar parte da infância e adolescência às aulas de dança. Não se dedicou profissionalmente ao balé, formou-se publicitária e um ritmo diferente de vida – profissão, marido e filho – a afastou das sapatilhas.

Ela fala que a paixão e o entusiasmo são maiores que as possíveis limitações impostas pelo corpo. “Sempre me surpreendo com a indignação que as pessoas expressam ao saber que faço aulas. Na loja, a vendedora pergunta se a sapatilha é para minha filha”, diverte-se. Virgínia é mãe de um rapaz que nunca praticou balé. “Fiz pouco mais de um ano de aulas e tive a grata satisfação de saber que seria promovida às aulas de ponta. É uma sensação mágica”, conta.

Mesmo que o corpo não corresponda perfeitamente, a evolução em cada aula é o combustível para essas bailarinas seguirem em frente. “Sem pretensão de ser a primeira bailarina, mas de ficar feliz em me movimentar ao toque do piano”, completa Virgínia.

Chegar à ponta exige técnica, treino e dedicação. O mais importante para o bailarino Thiago é que as alunas da escola que dirige conquistaram condições físicas e comprovaram que estão aptas a superar seus próprios limites. “Os professores preparam a musculatura nas pernas e a posição dos pés para que dançar sobre as pontas seja possível, prazeroso e seguro”, fala.