Envelhecimento da população aumenta serviços de saúde para idosos

O número de casas de repouso (ou clínicas de longa permanência) aumentou nos últimos anos no estado de São Paulo. Em 2011, existiam 302 estabelecimentos e, em 2015, o número saltou para 587. Os dados são do Departamento de Cadastro do SINDHOSP-Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo. Já os serviços com caráter preventivo e os relacionados ao envelhecimento – como clínicas de oncologia, endocrinologia, ortopedia e homecare (cuidados em casa) – mais que dobraram no mesmo período, de 138 unidades passou a 290.

O RibeirãoSul entrevistou o médico Yussif Ali Mere Junior, presidente do SINDHOSP, do SINDRIBEIRÃO-Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Ribeirão Preto e da FEHOESP-Federação dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas de São Paulo, para falar sobre o aumento de serviços de saúde para idosos.

O que motivou o aumento nos serviços de saúde específicos para idosos?

A transformação é decorrente da diminuição das internações hospitalares e da substituição da hospitalização por serviços de saúde alternativos no cuidado e tratamento de idosos. No Brasil, o número de empresas de saúde no setor de assistência aos idosos e convalescentes (homecare) aumentou de 2.658, em 2011, para 3.353, em 2015. Esses dados são do estudo encomendado pela FEHOESP ao Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

Por que diminuíram as internações hospitalares dos idosos?

A humanização do atendimento com foco nas necessidades do paciente faz parte do processo de “desospitalização”, que é tendência mundial. A internação de pacientes idosos só tem ocorrido em casos de doenças graves ou cirurgias. Outro ponto importante é o foco na saúde e não nas doenças. Os serviços de saúde têm focado na prevenção, através do diagnóstico precoce, e na mudança de hábitos, com introdução da alimentação saudável, de exercícios físicos e exames periódicos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil terá até 2050 o triplo de idosos, o que representa 64 milhões de pessoas acima de 60 anos; ou seja, 30% da população brasileira. Hoje, os idosos correspondem a 12,5% dos brasileiros. De que forma essas estimativas impactarão o setor da saúde?

A expectativa de vida no Brasil é de 75 anos, porém a OMS pondera que o brasileiro terá 65 anos com qualidade de vida. A organização acredita que os 10 últimos anos podem estar associados a doenças, cuidados especiais e deficiências diversas. A “desospitalização” tem contribuído para reduzir atendimentos onerosos e internações desnecessárias, circunstâncias necessárias, principalmente, após a publicação do estudo da OMS em que fica claro o envelhecimento da população brasileira.

O setor está preparado para oferecer serviços de saúde de qualidade para os idosos?

O conjunto que abrange a melhoria do atendimento primário de saúde, a formação de profissionais especializados em terceira idade e a adequação dos serviços de saúde será primordial para garantir a qualidade de vida dos idosos a partir de agora. O setor privado de saúde já está se preparando para a mudança. Agora, o governo precisa se preparar para atender ao número crescente de idosos, que certamente farão aumentar a demanda de atendimentos médico-hospitalares no Sistema Único de Saúde.