Lucas Garcia

Vamos iniciar com o conceito básico e depois uma breve análise do atual momento.

O que é o PIB?

O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, Estado ou cidade, geralmente no prazo de um ano. Todos os países calculam o seu PIB em suas respectivas moedas. Para calcular é utilizado apenas os bens e serviços finais para evitar a duplicação dos valores no cálculo. Vamos para um exemplo que o próprio IBGE utiliza pra explicação: Se um país produz R$ 100 de trigo, R$ 200 de farinha de trigo e R$ 300 de pão, seu PIB será de R$ 300, pois os valores da farinha e do trigo já estão embutidos no valor do pão. Também é importante saber que os bens e serviços finais que compõem o PIB são medidos no preço em que chegam ao consumidor e levam em consideração também os impostos sobre os produtos comercializados.

Portanto, o cálculo geral fica assim: PIB = C + I + G + (X – M), sendo C (Consumo das famílias em bens e serviços), I (investimentos das empresas), G (gastos do governo) e X – M (balança comercial: Exportações – importações).

Pra finalizar o conceito básico, gostaria de ressaltar um equívoco muito comum que é pensar no PIB como sendo o total da riqueza existente em um país, e isso está errado. Na realidade, o PIB é um indicador de fluxo de novos bens e serviços finais produzidos durante certo período. Portanto, se um país não produzir nada em um ano, o seu PIB será nulo, por exemplo.

Como está o PIB do Brasil? Qual a situação atual?

O PIB do Brasil fechou 2019 com alta de 1,1%, em R$ 7,3 trilhões, depois de sucessivas altas também na casa do 1% em 2018 e 2017, que é considerado um crescimento baixo principalmente pela forte recessão de 2016 e 2015.

Como já dito no artigo dos impactos da crise do Coronavírus, o Brasil tinha tudo pra mudar esse cenário de crescimentos baixos e crescer esse ano de 2020 mais que 2% ou até 3%, levando em consideração algumas situações favoráveis como a reforma da previdência já aprovada (economia de ~ R$800 bi em 10 anos), margem pra cortes na taxa de juros, entre outros fatores.

Porém, com a crise, veio a restrição da oferta e demanda e agora caminhamos pra uma recessão. Lembrando que é considerado “recessão técnica” pelos analistas quando há retração no PIB em 2 trimestres consecutivos.

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1º Trimestre de 2020: PIB do Brasil recuou 1,5%.

Seguindo as expectativas do mercado pós-crise, a economia brasileira apresentou uma retração de -1,5% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com o último trimestre de 2019. Esse resultado trimestral reflete apenas uma parcela das medidas de distanciamento social iniciadas em grande parte do território nacional apenas na segunda metade de março (que é o último mês do primeiro trimestre, período o qual está calculado essa retração de -1,5%).

Para a composição dessa retração, os setores que mais contribuíram foram os que tiveram suas atividades completamente comprometidas com o avanço do Coronavírus no Brasil. Um destaque negativo é o setor de Outros Serviços (contemplando restaurantes, hotéis e segmentos empresariais), que teve maior contribuição negativa para o PIB do primeiro trimestre de 2020 com queda de -4,6% na comparação com o último trimestre de 2019. Em contrapartida, um setor que apresentou desempenho mostrando não ter se prejudicado tanto com as restrições que as quarentenas proporcionam, é a Agropecuária, que apresentou variação positiva de 0,6% no mesmo período. Olhando pelo lado da demanda, a maior queda, como também era esperado foi em Consumo das Famílias, que apresentou retração de -2% nesse período.

Pra finalizar, como o Brasil pode voltar a crescer? E como o PIB pode voltar a positivar?

Como o PIB é a soma do consumo das famílias, investimento das empresas, gastos do governo e o saldo da balança comercial, uma variável determinante para a retomada da atividade econômica depois da crise do Coronavírus é a confiança dos agentes empresariais em investir em infraestrutura, novas instalações, máquinas, aumento de produção e consequentemente contratação de mais funcionários, levando isso a uma segunda variável muito importante que é o consumo das famílias aumentar.

Neste momento em que escrevo, a XP Investimentos projeta uma queda de -6,0% do PIB em 2020 e de leve recuperação de +2,5% em 2021.

Essa foi uma breve explicação e análise do PIB. Pra qualquer dúvida e maiores informações, estou à disposição nos contatos abaixo.

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Lucas Garcia
Assessor de Investimentos (Thera Investimentos, escritório credenciado à XP desde 2008)
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