https://conteudos.xpi.com.br/internacional/investindo-no-exterior-entenda-os-bdrs/
Lucas Garcia

Como funcionam e o que são os BDRs?

Pela definição oficial da B3,“Os Brazilian Depositary Receipts Patrocinados (BDR) são valores mobiliários emitidos no Brasil, que possuem como lastro ativos, geralmente ações, emitidos no Exterior”. Isso quer dizer que, resumidamente, são ativos que servem como espelho de ações de Bolsas internacionais, ou seja, é uma forma de acessar as ações de empresas listadas em bolsa de valores do mundo todo de forma indireta aqui pela B3.
Indireta pois ao comprar os BDRs o investidor não se torna sócio das empresas, ele só acompanha a movimentação (valorização ou desvalorização) do ativo oficial. Por outro lado, essas empresas estrangeiras expandem seus horizontes e conseguem ter mais investidores acessando seus papéis, mesmo que indiretamente.

Como os BDRs são emitidos?

Para que um BDR seja emitido e, consequentemente, negociado na B3, é necessário que tenha uma instituição financeira, que neste caso atuará como custodiante ou depositária, que se encarregue dessa emissão. Essa instituição financeira que emite o BDR é o meio campo que permite os investidores brasileiros acessarem as empresas listadas em bolsas internacionais.

O processo, portanto, fica assim: A instituição financeira emite os BDRs, faz a estruturação completa e coordenação do lançamento desses ativos na B3, obtém o registro do programa de BDRs junto a CVM, e também, quando for exigido, o registro de emissor estrangeiro. Também fica à cargo dessa instituição coordenar a distribuição de proventos no mercado brasileiro, direitos de subscrição, bem como divulgação de informações sobre os papéis da empresa que estão dando lastro lá fora.

Quais são os tipos de BDRs?

Na B3, tem 2 grupos principais de BDRs, que são os BDRs patrocinados, que podem ter níveis I, II e III, e os BDRs não patrocinados.

Nível I: Esse tipo de BDR não precisa do registro na CVM da companhia que tem as ações no exterior. Além disso, os BDRs Nível I só podem ser negociados em mercados de balcão e em segmentos bastante específicos. Nesse caso, a instituição depositária deve replicar, para os investidores do Brasil, todas as informações que a empresa que detém as ações na Bolsa internacional estiver divulgar no país de origem.

Níveis II e III: Nesses dois tipos de BDRs, a empresa emissora das ações no exterior precisa ser registrada na CVM. Os BDRs de Nível II e III, além disso, são menos restritos. Portanto são negociados no pregão habitual da Bolsa brasileira ou em balcão.

Não Patrocinados: Os BDRs Não Patrocinados são aqueles em que a iniciativa de se criar esse instrumento não parte das empresas estrangeiras. A importância de saber essa diferença é que a maioria dos BDRs na Bolsa são desse tipo.

Democratização dos BDRs

Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) foram liberados para o público em geral, e a expectativa é grande entre os investidores brasileiros. A partir desta quinta-feira (22/10/2020) já será possível investir em BDRs, estendendo portanto o acesso pra qualquer investidor brasileiro. Antes, esses ativos estavam restritos apenas para investidores qualificados, aqueles com mais de R$ 1 milhão em patrimônio investido ou profissionais específicos do mercado. O anúncio, na verdade, foi feito em Agosto, mas estava em ajustes pela B3/CVM. Dentre os ajustes, um dos principais é a liberação dos BDRs que estão no chamado “mercado conhecido”, ou seja, as principais Bolsas dos Estados Unidos, como NYSE e Nasdaq.

Vantagem de investir nos BDRs

A liberação dos BDRs coincidiu com um dos maiores movimentos de migração para a Renda Variável dos investidores brasileiros, estimulados principalmente pela taxa de juros que está no menor patamar histórico.

“O acesso a oportunidades de investimento antes restritas aos investidores qualificados significa que todos os brasileiros poderão agora investir em empresas globais e diversificar seus investimentos para além das fronteiras do país, se beneficiando das mais de 600 opções de BDRs já listadas na B3, além das que ainda estão por vir”, diz Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos.

Entre os principais benefícios dessa liberação, estão a 1) Diversificação internacional, pois há mais de 600 empresas globais que hoje tem BDRs listados, além de muitas que ainda virão. Sabendo que o Brasil representa apenas 2% do PIB global e o nosso mercado de ações representa 0,7% do valor das ações globais, investir em uma carteira global é também diversificar e reduzir o risco. 2) Exposição a setores que dificilmente encontramos no Brasil, como tecnologia, inteligência artificial, biotecnologia e farmacêuticas, bebidas destiladas, entre outros. 3) Opção de centralizar os investimentos na na mesma conta, sem precisar abrir uma conta no exterior, mandar remessas de dólar ao exterior (que pode ser bem caro). 4) Aumento da liquidez, pelo aumento de demanda.

Negociação e exemplos de BDRs

Pra negociar os BDRs, a sistemática é bem parecida com a negociação de ações, cada empresa tem seu ticker de identificação e uma notícia boa para a democratização desse investimento é que poderá ser negociado de 1 por 1.

Pra finalizar, alguns exemplos de BDRs recomendados pela XP em Outubro/2020:

Facebook (FBOK34), Johnson & Johnson (JNJB34), Amazon (AMZO34), Microsoft (MSFT34), Alphabet/Google (GOGL34), Disney (DISB34), Activision Blizzard (ATVI34), Berkshire Hathaway (BERK34), Nike (NIKE34) e Alibaba (BABA34).

Leia mais:

Uma visão do Mercado futuro: Proteção e especulação
Taxa Selic a 2% ao ano: o menor patamar da história
Como a relação Economia/Finanças pessoais pode ajudar na preparação de um futuro melhor?
Entendendo o PIB e explicando a situação atual 
Impactos da crise na economia brasileira e global 
Um longo mês para os mercados 
Juros nas mínimas históricas
O poder dos juros compostos

Lucas Garcia
Assessor de Investimentos (Thera Investimentos, escritório credenciado à XP desde 2008)
(16) 98160-2564 | lucasgarcia@therainvestimentos.com.br
Instagram: @lucasb.garcia