Lucas Garcia

Foi anunciado, pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), nesta quarta-feira (5), um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros da economia (Taxa Selic), sendo portanto a nona redução consecutiva, levando a Selic de 2,25% ao ano pra mais uma mínima histórica de 2% ao ano.

Era consenso no mercado financeiro esse corte e a decisão do comitê vem em linha com tudo isso, dando portanto continuidade ao movimento de redução do juros no Brasil iniciado em julho de 2019, quando a taxa passou de 6,5% para 6%.

O horizonte previsto para a permanência da Taxa Selic nesses patamares mais baixos, como o atual, foi ampliado pelo comitê, englobando 2021 e em um grau menor, 2022.

“O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022”, disse em comunicado à imprensa. 

A busca pelo barateamento dos custos de crédito para os consumidores e pelo incentivo ao consumo e a produção do país, leva o Copom a fazer essas reduções no juros e a sinalizar a manutenção desse patamar pelo prazo citado acima.

O impacto econômico que a pandemia da Covid-19 causou no Brasil foi muito forte, e isso levará a uma forte queda das economias doméstica e global, intensificando o movimento do Copom nesses cortes de juros das últimas 9 reuniões, como exemplo, nas duas últimas reuniões, a Selic caiu em 0,75 ponto percentual. Antes disso, o último corte desse patamar havia sido em outubro de 2017. 

Os economistas do mercado financeiro ainda esperam ainda uma queda de 5,77% para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil para 2020, de acordo com o Boletim Focus do BC, mesmo melhorando suas expectativas. A equipe econômica projeta recuo de 4,7% no mesmo período. Por outro lado, as projeções do Banco Mundial (-8%) e do FMI (Fundo Monetário Internacional) (-9,1%) são mais agressivas.

A cada 45 dias o Copom se reúne pra definição dos patamares da Taxa Selic e podem manter, reduzir ou aumentar, sempre de acordo com cumprimento das metas de inflação, fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A Taxa Selic é parâmetro para o cálculo dos juros das diferentes modalidades de crédito oferecidas pelos bancos e demais instituições financeiras do país.

Inflação

A Taxa Selic serve como ferramenta do Banco Central para controle da inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). No cenário híbrido que utiliza câmbio fixo e juros do mercado financeiro, o Copom alterou sua projeção para o IPCA em 2020 de 2% para 1,9%, e esse valor é abaixo do piso da meta, que, neste ano, tem centro em 4%, com tolerância 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, podendo variar de 2,5% a 5,5%.

Para o Copom, os diversos programas de estímulo de crédito e de recomposição de renda podem fazer com que a redução da demanda agregada seja menor do que a estimada, adicionando uma assimetria ao balanço de riscos.

“Esse conjunto de fatores implica, potencialmente, uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, disse.

No início desta semana, o relatório semanal do BC, o Boletim Focus, que reúne as expectativas do mercado financeiro para os principais indicadores macroeconômicos, trouxe a expectativa de uma Selic a 2% até o fim de 2020 e uma inflação de 1,63%.

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Lucas Garcia
Assessor de Investimentos (Thera Investimentos, escritório credenciado à XP desde 2008)
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